quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Marcela melhor do que ontem

message in a bottle: texto melhor lido com a música Rainy day lament de Joe Purdy


Ela acreditava em seu olhos porque eles pouco mentiam. Em quem mais deveria acreditar? Nas palavras? Esses olhos que procuravam aventuras e entender o que diferenciava os tristes dos alegres achavam as respostas nas mais simples besteiras, nos menores sorrisos e nos mais estranhos mergulhos... Seja lá quem quisesse cantar, pular, xingar, beber... tudo parecia uma festa. Marcela não queria nada além do que falar. Mas era quando estava sentada, quieta, olhando o reflexo da piscina, que falava mais alto. Que dizia tudo o que sentia sem usar uma palavra. Quem iria adivinhar que sua preocupação girava em torno de ser melhor do que ontem e pior do que amanhã? Não há nada o que melhorar... Somos o que somos... Apenas acreditamos nos olhares...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Que elas sejam boas...


message in a bottle: texto melhor lido com a música In the deep da Bird York.


Não... Ninguém precisa dizer o que ela terá que fazer. Ninguém precisa seguir seus passos e tentar consertar os erros. Ninguém precisa ficar acordado, preocupado ou pensativo. Mais do que caminhar com as próprias pernas algo a diz que ela pode voar. Ver o céu lá de cima e enxergar cada um. Agora, pode separar, escolher e trazer pra si só o que lhe fará bem. Pode levantar as mãos, apontar caminhos e ir em frente. Pode sentir os aromas, os olhares, os sorrisos... Estar livre... No fundo, ela sabe o que precisa... Sentir cada momento... E se lá no fundo, Renata precisar só de palavras... Que elas sejam boas...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O direito de Carla


message in a bottle: texto melhor lido com a música I'll back you up de Dave Matthews Band.


Por que ela sorria...? A cada palavra e a cada risada as três amigas construíam a maior amizade do mundo... Tantos mundos diferentes e tanta história pra contar. Já ouviu aquela que diz que amizade é ouvir a história do outro sem a pretensão de falar? E há tanto pra falar que se calar parece até tristeza... Já ouviu aquela outra história que se você contar, aquilo pode não acontecer? Sobre os olhares e a pergunta, Carla dizia com um sorriso olhando pro nada.
"Eu não divido... Eu não divido"
O momento era somente dela e não dividir era um direito. Afinal, o reflexo dos olhos detalhava a beleza de Carla pra todos os outros olhos que quisessem enxergar... Entre perguntas e respostas todos esqueceram que as palavras voariam... Mesmo sem vento elas voariam... No outro dia, a mínima lembrança que existisse era um grande motivo pra dividir...
"Por que você não escreve um livro?"

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Suelen atrás do mar

Entre o pampa e uma serra ela se escondia. Talvez da grande aventura da vida ou quem sabe do frio de Curitiba. Frio que ganhava suas mãos como uma luva. E devagar, bem devagar o vermelho tingia o seu rosto claro... Pra não restar dúvidas da sua timidez ela levemente sorria como quem quisesse dizer calma!

"Não devemos ter pressa pra nada"

Afinal, todos correm sem motivos. Naquele banco, enquanto chovia, ela pensava no regime, nas cores do céu e no tempo que passaria na praia. Suelen corria atrás do mar que não fugia e sem notar sonhava acordada... Esquecia frequentemente de lembrar da grande aventura que é a vida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quem é que não viu a Fee?


message in a bottle: texto melhor lido com a música Food is still hot de Karen O and the Kids.


Quem viu o céu e não notou as estrelas? Ou as ondas que faziam um barulinho bem ao fundo no horizonte. No fundo no fundo, todo mundo sabe que as garotas fazem o que bem entender. E sem querer, de um jeito doce encantam tudo ao redor. Mudam de cor o dia mais cinza sem pedir permissão. Experimentam as sensações mais surreais e voltam com o mesmo rosto de meninas que foram. Se tornam mulher, se pintam, bordam e te fazem pensar que tudo, no fundo no fundo se resolve com humor. Quem viu a alegria e não notou a Fee na verdade não viu nada. Seja no esmalte vermelho, no desenho na pele, no sorriso do rosto ou no gesto mais simples... Quem é que não viu a Fee?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Kauana

Entre tantos aromas bons que saíam da conversa era o do cigarro que predominava no ambiente. A verdadeira beleza de Kauana ficava guardada para aqueles que com as palavras certas e no momento certo atrevessem a atravessar as barreiras do seu humor. E aí sim ver o que ela possuía de mais belo. No ar, bolas de sabão carregadas de ironias eram estouradas com alfinetadas daquilo que ela dizia ser "sarcasmo". Naquela noite ganhava quem soubesse melhor provocar o outro. Sabe aqueles dias em que achamos que tudo vai ser igual e... Difícil entender porque dois destinos tão distintos e ao mesmo tempo tão compatíveis vieram se encontrar. Algumas noites são inesquecíveis. Não dava pra saber se era o olhar, o sorriso, a voz "metálica" ou o sotaque que dificilmente se escondia. Alguma coisa em Kauana fazia com que o conjunto da obra ficasse na mente... Como o melhor perfume do mundo... Como algo inesquecível...

sábado, 18 de setembro de 2010

A nova amizade de Ju

Se no oriente faz sol, se oriente. Tanto faz de que lado do planeta o Sol esteja. Seus olhinhos puxados vão fechar e abrir quantas vezes ele se pôr. Porque na verdade, se houver verdade, seu sorriso vai se abrir como se abre uma caixa de brinquedos. E não importa de que lado se esteja. Estar do lado de Juliana é ver o tempo dizer tchau com o vento. E de pecinhas em pecinhas montar uma amizade como se monta um lego. Uma torre gigante. Algo que se remonta a cada sorriso e que não gasta com o passar do tempo. Se oriente...

domingo, 22 de agosto de 2010

Juliana Var!

Que olhos são esses que penetram a quem olha? E as sombracelhas que convidam e distraem dizendo que há por trás do convite alguém muito viva. E que traços são esses de menina e mulher? Se a curiosidade a aflora logo terás a convicção de que ela precisa ver, experimentar. Como quem assiste o cinema pela primeira vez ou observa fogos de atifício no céu. Como quem se desligou do mundo justamente pra dar atenção ao momento. Ao momento... Se parece brava aqui, ali é preciso menos de um sorriso e as horas correrão pra dizer que não é possível ficar alheio a Juliana. Ao seus olhos... Sorrisos... Como quem assiste o cinema pela primeira vez ou observa fogos de artifício no céu...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Saudades...

Ele sentia falta do samba. Da noite. Da madrugada. Da mulata. Da vida sofrida. Da estrada. Da batida do pandeiro. C a d e n c i a d a. Da leveza da voz. Sentia falta do sono que levemente lhe dava quando tocavam o seu rosto. Sentia da falta da fala. Da rua. Da pausa. Do cheiro de tantos perfumes. Da cerveja gelada. Sentia falta da vida. Da falta. Do violão que ninguém ouve. Das palavras que ninguém vê. Fácil entendê-lo. Sentia falta... Que o "da Viola" o perdoe. Sentia falta do samba... Sentia falta...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Belo Monte: choro de Ianê

Sobre os peixes que avistara nada tinha a declarar. As discussões que o possível desastre trouxera deixava claro que ninguém iria se entregar. Sabia que mais cedo ou mais tarde o "homem-branco" com todo seu poder faria esvair o seu quintal. E com toda sua covarde força faria extinguir a paz daqueles que pra maioria já estavam extintos. Os benefícios dessa terra valiam mais do que qualquer costume antiquado, flautas primitivas e meios de subsistência ultrapassados. Quanto tempo se passara desde que se ouviu as primeiras conversas sobre o desastre? Talvez fosse tarde demais pra pensar no que ambição do homem é capaz de fazer. Sobre os peixes que avistara nada tinha a declarar. Quem saberia o futuro deles? E no futuro não haveria boas novas e nem mais villas-boas¹. Novos paulistas não ajudariam Pokaimone² assistindo Pokemon. E o Brasil, um país de tantas tribos que não indígenas, se enchera de filhos preocupados com seu próprio drama, alienados com suas tv's. O rio ainda corria e sobre os peixes que avistara nada tinha a declarar. Pois a sentença já estava declarada e a lágrima tímida manchava as cores pintadas em seu rosto. Era mais do que Belo Monte. Era por seu índio que não iria se entregar que Ianê chorava...

(1).Alusão aos irmãos Villas-Boas, importantes personagens na preservação da cultura indígena e principais idealizadores do Parque Indígena do Xingu.
(2).Pokaimone: uma das aldeias localizadas na região do Xingu.

Referências:
http://impressoesamazonicas.wordpress.com/2010/04/30/nos-indigenas-do-xingu-nao-queremos-belo-monte/
http://racismoambiental.net.br/2010/07/belo-monte-e-o-risco-de-extincao-dos-peixes-do-xingu-entrevista-especial-com-paulo-buckup/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_do_Xingu
http://pt.wikipedia.org/wiki/Irm%C3%A3os_Villas_B%C3%B4as
http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Belo_Monte
http://racismoambiental.net.br/2009/12/comunicado-indigenas-xingu/

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A viagem de Camila

Almofadas, travesseiros, malas e chuveiro. Nada mais é seu. Do momento em que acorda ao momento em que desliga, suas antenas guardam imagens que mais tarde virão sem pedir licença. Na consciência, um dever cumprido. Na mala, milhares de lembranças. Ao dormir, ursinhos, coelhos, serpentinas e balas. Guarda-chuvas, iô-iôs e milhares de fadas. Ao despertar, já nem sabe mais qual a cor do seu verdadeiro travesseiro que um dia a abraçou depois de um pesadelo. Na viagem de Camila não há mais espaços pro passado. E o futuro... Almofadas, travesseiros, malas e chuveiro.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O maior erro...

France é um personagem fictício e o maior erro dela foi se apaixonar.

Ela cometeu o maior erro que alguém poderia cometer... Debaixo daquela proteção onde a chuva não a atingia, France chorava porque pensava que perdia alguém. Na verdade, ela é quem estava perdida. Sozinha, embaixo daquela proteção onde a chuva não a atingia. Que graça teria a vida se a vida inteira pessoas não entrassem e saíssem por ela? Por mais infantil que fosse. Por mais egoísta esse momento era só dela. Porque os homens da sua vida eram tão infantis, tão insensíveis? Nem sabiam dançar... Há beleza até onde não se enxerga. Atrás desses olhos molhados existe uma grande mulher. E a beleza que hospedas vai além da intenção de qualquer homem. E falar em homem, é uma pena que todos dormiam enquanto France chorava debaixo da proteção onde a chuva não a atingia.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Olhos de Fabianne

message in a bottle: testo melhor lido com a canção original do filme "El Secreto de Sus Ojos" composta por Federico Jusid e gravada pela Orquestra Sinfônica Sofia - SIF 309 - Bulgária


Ele poderia falar dos rodeios que deu. Das pessoas que encontrou naquele dia. Dos sorrisos. Da música. Dos novos amigos que fez. Das certezas que levou. Poderia ter falado da entrada. Do gosto do dia. Do gosto da coca. Poderia falar sobre o futebol. Sobre a chuva e sobre os sonhos que provavelmente seriam só sonhos. Talvez poderia falar sobre política e quem sabe até sobre medicina. Mas não. Ao encostar naquela cadeira ele percebeu que os olhos falam muito mais coisas sem dizer uma palavra. Que ficassem quietos então! Ele poderia falar, falar e falar e falar... Para os olhos de Fabianne as palavras eram somente olhares...

sábado, 24 de abril de 2010

Trem de Adriana

Aos olhos que tudo viam, ainda um pouco escapava. Junte a esses olhos atentos, uma voz quase metálica e um sorriso que outrora chamamos de "armadilha" e teremos a plena manifestação da beleza feminina. Toda essa beleza quase perdia pra brincadeira que a Lua fazia com sua imagem no rio ao lado, mas bastava um sorriso e os vários e repetidos piscares de olhos que a Lua logo ficava para trás. Como as aparências realmente enganam Adriana não enganava que talvez estava ali pra relembrar como era um passado, quem sabe distante. Semelhante a uma viagem de trem, ela ia. Só que sem rumo... Admirando paisagens... Bem verdade é que pensou e quase desceu em duas ou três estações que ao menos lhe chamaram a atenção. O que ela não esperava, é que existem mais trens pra São Paulo do que se possa imaginar...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Havia Hívina

message in a bottle: texto melhor lido com a música Igloo de Karen O and The Kids


Mesmo que não houvesse doces e que o ambiente não fosse tão colorido. Mesmo que não houvesse neve pra brincar e não houvesse uma geladeira cheia de refrigerantes. Mesmo que não houvesse uma grama verde para deitar e um campo inteiro pra correr. E mesmo que, por alguma culpa do destino, não houvesse um mar de águas claras, ondas calmas e um coqueiro para fazer sombra, ainda sim... no fundo de uma imaginação ou no fundo daquele bar ela estava lá... Sempre pronta com um sorriso... E mesmo que não houvesse nenhuma das outras coisas... Havia Hívina.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quando queremos sonhar...

message in a bottle: texto melhor lido com a música Food is still hot de Karen O and The Kids


Aqueles olhos pareciam ir tão longe que atravessavam a margem do rio. Evidente que eram um disfarce do seu mergulho em sua própria consciência. Pensar demais e não fazer nada é o significado de sonhar...
Quem vai saber de suas decisões?
Antes de se deitar seus olhos pareciam ir tão longe que atravessavam as ruas, os carros...
Ela, mais do que ninguém, deixava claro que os nossos olhos são disfarces quando queremos sonhar...

domingo, 28 de março de 2010

Elas adoravam Bob's

Como aviões que atrasam são os textos encomendados. Se o Bob's falasse contaria os segredos das três que diziam adorar os lanches de lá. Curiosa opção ao levar em conta todas as redes de fast-food existentes. E quando soltavam risos pareciam mais falar pra si mesmas...
"Ei, somos amigas!"
Naquele dia, as paredes brancas do aeroporto se confundiam com o sorriso de Júlia, o vento com o jeito meigo de Michelle e a noite com os olhos de Patrícia.
Mais difícil que escrever é escolher sobre quem escrever. Os aviões atrasam mas, assim comos os textos, eles sempre chegam...

domingo, 21 de março de 2010

Fernanda tomava fanta

O mundo girava como um carrossel e ao som de qualquer banda Fernanda ensaiava passos tímidos de dança. Os lustres e os espelhos do local que prestavam mais atenção na cena do que na banda talvez nunca mais seriam os mesmos...
"Mas o que você vai escrever de mim?"
Aquilo que ninguém nota ou quase ninguém. Difícil explicar a beleza que se enxerga em um simples gole de fanta através de um canundinho movido aos passos tímidos de dança... Enquanto os pés de Fernanda doiam outros tantos cambaleavam... Todos estavam bêbados, e não importa o que ela tinha feito antes ou faria depois... Naquele momento, enquanto o mundo girava como um carrossel, Fernanda tomava fanta...

terça-feira, 16 de março de 2010

A distância de Lívia

Seria a distância, de fato, a melhor das melhores soluções. Enquanto falavam de uma revolta importante de outrora e que, por sinal, intitulaza o que ela era hoje e norteava os seus atos, algumas outras exigências serviam pra quebrar o clima e dar à vida aquilo que chamamos de sabor...
"O meu é com colarinho..."
"Fresca ela, não?" risos...
E se existisse alguma verdade do dia era que a cabana mais linda de Belém (ainda não há registros de outras parecidas) estava sentada na mesa se esforçando pra se render a fala fácil e descontraída do acompanhante. Segunda verdade e mais óbvia do que a primeira, é que um dia é da caça e outro do caçador. E se o mundo está mesmo ao contrário como dizem, o contrário pode parecer normal... Dessa vez, a fala assertiva da cabana tinha um tom da mais coerente sintaxe. Era preciso surpreender...
"Comment tu t'appelles?"
"Você quer me conquistar com essas cantadas?" risos...
Para evitar o inevitável seria a distância, de fato, a melhor das melhores soluções. Mas... se o mundo está ao contrário...

domingo, 7 de março de 2010

O passado de Marla

Se ele pudesse escolher preferiria não saber o passado de ninguém. Ainda tarde o Sol se escondia em cores, deixando um rastro do seu passado... Com uma leve vontade de ir e uma enorme de ficar... Olhar pra paisagem de um mirante acima de um rio e em contato com o vento faz qualquer um pensar no passado. E no futuro também. Esperar que algo mude na paisagem seria como esperar ganhos sem apostar. Os lábios cor de acaí de Marla faziam com que o batom estragasse o natural da cor. A voz delicada e ao mesmo tempo firme faziam com que não se negasse qualquer opinião ou ordem. Decidida, ela fazia com que tudo acontecesse baseado na sua vontade e não fosse essa tão certeira sentiria o amargo de ser contrariada.
"Como alguém pode escrever isso e não crer na humanidade?"
Ao ouvir a dúvida só pensava que se pudesse escolher preferiria não ser saber o passado de ninguém... E que ninguém soubesse o dele...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Abra a porta...

Não sabia que o frio seria tanto ao descer daquele ônibus. A ruazinha de paralelepipedo indicava que a descida íngrime não seria o caminho mais prezeroso de se fazer. Mas chega uma hora que pequenas coisas são apenas pequenas coisas. As mesmas árvores, os mesmos portões... O mundo muda tão rápido sem dar conta que algumas coisas sempre permanecem iguais. Luiza desceu a rua determinada a fazer algo que nunca tinha feito, enfrentar quem nunca tinha enfrentado, desculpar aqueles que em sua cabeça não mereciam desculpas... Ao chegar no portão a menina sabia que aquele era um caminho sem volta e que dificilmente a perdoariam... Mas chega uma hora que pequenas coisas são apenas pequenas coisas e sorrir pode ser o caminho mais fácil pra abrir as difíceis portas...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O que queria Adria?

Ainda dizem que o sorriso não tem luz própria. Não aquele... O que queria Adria? Talvez um olhar, uma conversa, um segredo, um nome... Algo que ficasse gravado em qualquer lugarzinho da mente e que aflorasse sem mais nem menos em qualquer outra hora do dia. Mesmo que o nome fosse difícil de se lembrar e que o segredo fosse só seu... E era! Será que Brasília estava preparada pra receber tamanha beleza e vivacidade? E Cabo Frio? A fala fácil de Adria mostrava que ela vivia como se tudo fosse uma experiência. Aproveitava o agora pra perguntar. Tinha um plano. Sabia o que queria. Olhava de lado... Se não fosse a imagem tão bonita passaria a ser algo que sobra, um exagero...
"Não está escuro pra você ler?"
Ao mudar sua posição de leitura, Adria conseguia uma posição estratégica. Talvez por coincidência ou talvez não. Em suas palavras tudo estava acertado. A decisão já estava tomada e ela divulgava baixinho... como se o segredo nem fosse tão segredo assim... Ninguém estava preparado. Nem Brasília, nem Cabo Frio e muito menos o rapaz do assento ao lado. E ainda dizem que sorriso não tem luz própria. Não aquele...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Carolina

Algo além do blues sopraria aos ouvidos naquela noite. Até então esse algo a mais era só uma voz diferente. A voz de Carol (assim gostava de ser chamada) era algo incompátivel com o que se via. A mulher madura e um pouco séria que parecia ter certeza do que queria, talvez até baseada pela sua experiência, tinha uma voz leve como de uma menina recém chegada a adolescência. No entanto não era a voz, nem as pintas no rosto e nem a possível beleza fácil de Carol que tiravam a atenção do observador.
Eram as palavras. Era aquilo que atravessa o ar e chegava aos ouvidos. Era o som da voz misturado com sorrisos que não deixava outra escolha a não ser se encantar com a simplicidade da cena e o impacto que lhe causava. O mais difícil era que Carol não deixava pistas do que pensava e aí o ato de encostar nos seus "cachos" pra ser ouvido era a única forma de fazê-la ter medo de uma possível reviravolta. Daquilo que não estava nos planos... Sabe aquelas coisas que não precisam ser provadas pra se ter certeza que é bom? Talvez algo deu errado ou certo demais naquela noite. Talvez a cantora esqueceu de dizer algo essencial. Algo que fizesse sentido... Algo além do blues que soprasse aos ouvidos e fizesse o mundo girar...

domingo, 24 de janeiro de 2010

O Vento e a Ana

Logo que chegou deu um beijo na mãe que se encontrava na cozinha. Colocou de leve a mão no cachorro e sabia das suas dívidas com ele, mas agora não era hora. Tinha pressa... Jogou os livros na cama, ligou o note, pegou o ipod e abriu a janela do quarto. Ana morava no quinto andar... Um sorriso quase que de mentira invadiu seu rosto. Ela sabia que ele estava lá. Saiu do quarto, colocou os fones no ouvido, passou pela sala, jogou um beijo de longe para o irmão e logo que viu que ele queria falar algo mas agora não era hora. Tinha pressa... Falou um tchau pra mãe sem ouvir a pergunta típica de mãe de "onde você vai". Fechou a porta, apertou o botão do elevador. Trinta segundos e nada... Tinha pressa. Usou o de serviço e foi até o último andar. Abriu a porta com força pois a força necessária para abri-la eram palavras escondidas de "não abra". Ao fechar a porta os cabelos de Ana ganhavam o ar. Ele estava lá... O Vento... Era o momento de esquecer tudo e só sentir o vento... Os ouvidos de Ana bem baixinho ouviam super furry animals... Mas seja lá qual som saísse daqueles fones era o vento a verdadeira estrela da noite...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O ensaio de Fernanda

Talvez ela nem soubesse, mas desde a primeira frase que falou - "take it easy" - ela estava sendo observada. Além de um sorriso lindo, cabelos cacheados e um leve conhecimento de cinema, Fernanda tinha sono. E além de sono, o que era melhor é que Fernanda tinha assunto. Se tinha ou não as características do signo de áries, isso realmente parecia algo quase inútil.
"Tu realmente acreditas nessas coisas?"
Vez ou outra ela olhava para a janela com os olhos de lado, como quem quisesse dizer: Ei, eu estou aqui, viu? Como se fosse fácil não perceber a delicadeza com que falava ao se referir ao nascer do sol.
"Que bonitinho"
E como se fosse fácil não se encantar com tamanha leveza e certeza das falas. Parecia que ela já tinha tudo ensaiado. Afinal, já não dava pra saber se era o português correto, o sorriso, o sono ou as perguntas sem respostas de Fernanda, que faziam com que as horas e as turbulências passassem alheios a atenção.
"Quem sabe eu não me identifico no seu blog?"

domingo, 10 de janeiro de 2010

O vento que fugia de Geisa

Dentre as coisas que Geisa sabia, era o rock que mais gostava de discutir. O tom da conversa era suportado por um conhecimento amplo sobre o assunto e o contexto histórico era palco pra dizer o que realmente cada banda representava. Enquanto o vento fugia da cidade Geisa distribuía sorrisos e caras que ora indicavam que o que se fala pode ser perigoso.
"Pede pra ele tomar cuidado com o que fala"
O lápis no olho, o regime da boca pra fora, o conhecimento sobre rock e o belo sorriso faziam com que se gastasse horas e horas de conversa pra esperar a imagem daquilo que seria um refrigerante para os olhos... Difícil entender porque mesmo assim o vento fugia e nem ao menos balançava os cabelos de Geisa...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Alessandra estava "vacinada"...

Nem a velha timidez que carregava era o bastante pra se ter uma ideia do que Alessandra realmente era. Hoje, com a ajuda do tempo, se tornara muito mais acessível que antes e realmente se mostrava "vacinada", como ela mesmo explicava. Nem elogios eram verdadeiramente aceitos.
"Eu sou muito feia, obrigada"
No entanto, algo entres suas palavras deixavam uma mistura de "não me incomode" com "excelente" e aí era só pagar pra ver onde daria aquela conversa. O fato é que ninguém pagou e como quem se arrisca é quem leva a fama, Alessandra continuava a mesma de antes. A boa tímida menina que mais ouve do que fala e que espera que as pessoas se mostrem antes dela....
"Posso te fazer uma pergunta? O que tem no seu olho?"