Os ladrilhos da calçada, os postes decorativos. Nas guias das ruas, vasos com plantas e flores. Cadeiras, mesas redondas, pessoas com óculos de sol e a tarde de outono. Acima das mesas guarda-sóis com propagandas de cartão de crédito. Serviços de vallet e um certo ar de calmaria. Ou de elite. Ela apreciava tudo. As flores, o clima, o garçom simpático, o chá, o pouco movimento dos carros, seu jornal...
Ai, ai! Somos tão bairristas! Por que esperar outra coisa de um jornal? Na coluna social uma foto de uma amiga antiga. Como se a cena já não bastasse uma tristeza a invade. Ela bebe o chá com pouca pressa. Mais uma tarde e uma noite igual. O vento fresco toca sua face. Ela lembra de outros tempos, quando tinha companhia e era querida. Na verdade ainda era, mas poucos demonstravam. Também, sua idade avançara, os filhos casaram, se mudaram e só restavam lembranças que não a deixavam sair do apartamento.
Antes de anoitecer se levantou com a ajuda de sua bengala. Pagou a conta indicando que o "a mais" era do garçom. Sorriu e foi retribuída com o mesmo. Seu sorriso era sério mas sincero. Andou com uma certa dificulade e postura, mas andou. Dois quarteirões depois, cumprimentou o porteiro, pegou o elevador, entrou em casa e a meia luz se reencontrou com o livro que lutava pra acabar. Amanhã, um dos filhos viria buscá-la. O que estivesse menos ocupado. Restava então, ler, adormecer e esperar por mais um Domingo. Onde tudo seria novamente igual...
Gui, vc não é deste planeta..
ResponderExcluirBeijo Sapekinha!
Gostei também, Gosto do que você escreve, eu fico viajando, na maneira como escreve...Muito legal...beijinhos
ResponderExcluir