sábado, 18 de abril de 2009

Chicotes

Ele se perguntava, às vezes, por que? Ele via as pessoas se amontoando todos os dias enquanto o sol ameaçava ainda mostrar sua força. Pessoas indo atrás de coisas que certamente não queriam. Vivendo a vida que não sonharam. Alguns nem mais sonhavam. E ele se perguntava quem era o culpado? Quem tinha algo a ver com isso? Um abandono, um descaso. Seria uma pessoa ou seriam várias pessoas? Por que as coisas andaram por esse caminho? Enquanto homens chicoteavam outros na entrada do trem, uma senhora rezava. E chorava incomodando os muitos que estavam no vagão. Ele queria que tudo isso fosse uma mentira. Não se imaginava parte de nada. Nem de uma história. A única coisa que ele queria era entender o porquê de toda essa merda espalhada. No ápice do incidente a senhora deixou cair seu terço. Quando a porta abriu as pessoas enquanto saíam pisavam e chutavam o terço sem saber. Ao tocar na plataforma ele pisou no mesmo terço e o partiu em dois. Ele se perguntou agora se algum Deus tinha algo a ver com isso. Não imaginava que Deus pudesse ter decidido a decorrência da cena. Ele já não conseguia acreditar em mais nada. Somente em chicotes que estalavam no vagão.

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