Ele atravessa a rua desarmado. Pra isso levanta a camiseta mostrando que está só. Talvez nem queira disfarçar. Ele precisa causar impacto. Olha pro primeiro carro e diz:
- Tia, eu não sou ladrão não... O carro acelera. É a minha vez.
- Tio, vc tem algum trocado? Procuro. Acho R$ 0,50 no console. Entrego.
- Obrigado. Posso te pedir um favor?
- Pode... - digo desconfiado.
- Eu tenho uma filha, Giovana. Preciso chegar em casa esta noite com R$ 6,00. Só consegui isso - mostra a mão com poucas moedas - Será que vc não tem mais nada?
Procuro. Entrego mais duas moedas de 0,50.
- Obrigado.
O medo de um possível assalto passou. Talvez a possibilidade que ele tem de me assaltar e não querer, seja a mesma de eu poder ajudar e não fazer. Talvez nem exista Giovana. Quem pode saber?
Um outro dia, no mesmo farol, ele me pedia ajuda pra sua filha Ágatha...
Esse é o drama diário...medo de assaltos...muito legais seus textos.
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