sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O que te faz feliz?

Ao descer da máquina ela olhou pros lados pra ter certeza que estava realmente tudo vazio. Como de costume foi até o banco que sempre lhe esperava nas noites de Natal, sentou-se, abriu sua cesta e tirou de lá um lanche, o qual dividiu com o cachorro que observava o ato. Era seu quarto Natal na mesma estação. Sem ninguém pra contar histórias começou a falar com o cachorro que afinal, pela gratidão, ouvia tudo como se fosse a voz da senhora uma música de ninar... Ao terminar, em um breve descuido a cesta caiu ao chão esparramando balas que mais tarde seriam distribuídas a meninos de rua... O cachorro cheirou todas sem comer nenhuma, o que despertou uma enorme vontade de rir na senhora... "O que te faz feliz, cachorro?" Era o quarto Natal na mesma estação, e o primeiro com risadas e ecos...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Novos escritores

Cada vez mais o blog toma a cara que tem que tomar. Um sorriso, um olhar, um simples gesto já é motivo pra novos textos... novas protagonistas... Abaixo um texto de um escritor que enxergou novas belezas e pediu que eu postasse o texto...
"O que fazer quando se sente algo por alguém que não se devia sentir? Pode ter sido só atração, só encanto, só uma pequena paixão ou até mesmo nem tanto. Pode ter sido só um olhar, ou outros mais, de cá e de lá, de canto, de perto, de trás. Aliás, que bela vista me traz... Cabelos negros, queimados com o sol litoral, molhados com a água de sal, cobrindo um rosto de cunho angelical. E esse, nada condizente com sua voz, aveludada como de uma cantora, limpa, forte e encantadora.
E depois desse tempo todo em minha mente me pergunto: O que se encontra atrás dessa pessoa? Uma menina risonha, uma jovem impossível ou uma mulher inesquecível. Sedução. Essa é minha descrição. Seja sem querer ou não, é sedução.
Esse fascínio não é proibido. É imoral e irracional, mas não proibido. Nada é proibido. O problema foi o tempo. Rápido demais. Se tivesse demorado, talvez tivesse até desencanado. Mas ficou a lembrança e o gosto de quero mais. E esse mais, é só pra olhar, e perceber por esse olhar, se é passageiro ou se irá guiar, por muito tempo ainda, a minha vida, minha memória, meu pensar. E mesmo agora, ainda me pergunto antes de partir: O que fazer quando se sente algo por alguém que não se devia sentir?"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O melhor tchau do mundo!

"Vamos, quero te mostrar algo."
"Mostrar o que?" perguntava Gislainne...

Não era nada com a corrente com o nome. Era com os olhos... Esses miravam e acertavam qualquer um que os colocassem à prova. Qualquer um que os encarassem. E depois, qualquer palavra mal falada, qualquer puxada de "r" e qualquer besteira das mais inocentes era motivo pra maior armadilha do mundo: o sorriso...

Às vezes se calava tanto que o tanto dava margens para o pensamento ganhar força. E deixava a dúvida pairando no ar... Talvez não há mangueiras e nem rios que posssam esconder tamanho mistério quanto aqueles olhos... Ainda assim, com toda sintonia que escapava ao balanço do navio, foi difícil o acordo...

"O que você quer me mostrar?"
"O melhor tchau do mundo..." risos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A solidão de Renata

Em meio a tanta gente ela estava só. Não aceitava nada. E não foi um, nem dois e nem três que tentaram sem sucesso sentar na cadeira vaga ao lado dela. Não aceitava nem ao menos a gentileza masculina de um rapaz que ofereceu pra acender seu cigarro. Enquanto sua amiga ia e vinha das várias idas ao banheiro, Renata ficava só. Parecia que buscava um momento só seu. Embaixo das estrelas que ninguém via no céu de Belém ela sentia o vento que ninguém sentia. Mal sabia ela que alguém observava tudo e que os detalhes daquela noite ficariam registrados... Mal sabia ela...
"Pra que você quer saber meu nome?"