domingo, 24 de janeiro de 2010

O Vento e a Ana

Logo que chegou deu um beijo na mãe que se encontrava na cozinha. Colocou de leve a mão no cachorro e sabia das suas dívidas com ele, mas agora não era hora. Tinha pressa... Jogou os livros na cama, ligou o note, pegou o ipod e abriu a janela do quarto. Ana morava no quinto andar... Um sorriso quase que de mentira invadiu seu rosto. Ela sabia que ele estava lá. Saiu do quarto, colocou os fones no ouvido, passou pela sala, jogou um beijo de longe para o irmão e logo que viu que ele queria falar algo mas agora não era hora. Tinha pressa... Falou um tchau pra mãe sem ouvir a pergunta típica de mãe de "onde você vai". Fechou a porta, apertou o botão do elevador. Trinta segundos e nada... Tinha pressa. Usou o de serviço e foi até o último andar. Abriu a porta com força pois a força necessária para abri-la eram palavras escondidas de "não abra". Ao fechar a porta os cabelos de Ana ganhavam o ar. Ele estava lá... O Vento... Era o momento de esquecer tudo e só sentir o vento... Os ouvidos de Ana bem baixinho ouviam super furry animals... Mas seja lá qual som saísse daqueles fones era o vento a verdadeira estrela da noite...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O ensaio de Fernanda

Talvez ela nem soubesse, mas desde a primeira frase que falou - "take it easy" - ela estava sendo observada. Além de um sorriso lindo, cabelos cacheados e um leve conhecimento de cinema, Fernanda tinha sono. E além de sono, o que era melhor é que Fernanda tinha assunto. Se tinha ou não as características do signo de áries, isso realmente parecia algo quase inútil.
"Tu realmente acreditas nessas coisas?"
Vez ou outra ela olhava para a janela com os olhos de lado, como quem quisesse dizer: Ei, eu estou aqui, viu? Como se fosse fácil não perceber a delicadeza com que falava ao se referir ao nascer do sol.
"Que bonitinho"
E como se fosse fácil não se encantar com tamanha leveza e certeza das falas. Parecia que ela já tinha tudo ensaiado. Afinal, já não dava pra saber se era o português correto, o sorriso, o sono ou as perguntas sem respostas de Fernanda, que faziam com que as horas e as turbulências passassem alheios a atenção.
"Quem sabe eu não me identifico no seu blog?"

domingo, 10 de janeiro de 2010

O vento que fugia de Geisa

Dentre as coisas que Geisa sabia, era o rock que mais gostava de discutir. O tom da conversa era suportado por um conhecimento amplo sobre o assunto e o contexto histórico era palco pra dizer o que realmente cada banda representava. Enquanto o vento fugia da cidade Geisa distribuía sorrisos e caras que ora indicavam que o que se fala pode ser perigoso.
"Pede pra ele tomar cuidado com o que fala"
O lápis no olho, o regime da boca pra fora, o conhecimento sobre rock e o belo sorriso faziam com que se gastasse horas e horas de conversa pra esperar a imagem daquilo que seria um refrigerante para os olhos... Difícil entender porque mesmo assim o vento fugia e nem ao menos balançava os cabelos de Geisa...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Alessandra estava "vacinada"...

Nem a velha timidez que carregava era o bastante pra se ter uma ideia do que Alessandra realmente era. Hoje, com a ajuda do tempo, se tornara muito mais acessível que antes e realmente se mostrava "vacinada", como ela mesmo explicava. Nem elogios eram verdadeiramente aceitos.
"Eu sou muito feia, obrigada"
No entanto, algo entres suas palavras deixavam uma mistura de "não me incomode" com "excelente" e aí era só pagar pra ver onde daria aquela conversa. O fato é que ninguém pagou e como quem se arrisca é quem leva a fama, Alessandra continuava a mesma de antes. A boa tímida menina que mais ouve do que fala e que espera que as pessoas se mostrem antes dela....
"Posso te fazer uma pergunta? O que tem no seu olho?"